27 de jun. de 2009

Introdução ao Livro de Números

1. Autor e Data

    Moisés, por volta de 1405 a.C.
    Este é o quarto Livro do Pentateuco cuja autoria, é atribuída a Moisés, com algumas reservas da Crítica.
    Deus ordenou que Moisés numerasse todos os homens aptos para a guerra (Nm 1:2,3).
    Os registros das jornadas no deserto, entre outras narrativas do Livro de Números, foram escritos por ele (Nm 33:2).

2. Título do Livro de Números
    Números no original hebraico é Bemidbar – que significa “no deserto” (Nm 1.1). Lembremo-nos que os judeus tinham por costume nomear seus livros antigos com as primeiras palavras dos mesmos.
    Na versão bíblica grega (LXX ou Septuaginta) é Arithmoi, cujo sentido do termo é aplicado a “recenseamentos”.
    Na versão Vulgata Latina é “Numeri”, que em latim significa “número”, “quantia”, etc.
    Nas versões portuguesas é NÚMEROS.
    O Livro de Números recebeu este nome por iniciar-se com os números do recenseamento de todos os membros da nação israelita (Nm 1:2-46), afora os levitas (v 47). Posteriormente, os levitas também são contados (Nm 3 :15-39). Depois os primogênitos (Nm 3:40-43). O Livro apresenta ainda, em suas páginas, outro recenseamento ordenado por Deus (Nm 26:1-51). Podem estar relacionado a este título – Números – os números referentes às ofertas dos chefes de Israel (Nm 7ss).

3. Tema do Livro de Números
    Ordem, serventia, peregrinação e fracasso.
    Com seus 36 capítulos, o Livro de Números tem seu inicio ilustrando o cumprimento da lei do Céu, onde tudo é feito com ordem.
    a) No capítulo 2 pode-se observar esta ordem na organização do acampamento.
    b) Fica patente a precisão militar nos mínimos detalhes da disposição do acampamento, facilitando o movimento da multidão na hora do levante para a marcha no deserto. Arrolou-se neste primeiro censo 603.550 homens de guerra maiores de 20 anos (Lv 2.32).
    c) No panorama de serviço da organização do acampamento hebreu, cada pessoa foi numerada segundo a sua tribo de origem. Cada tribo tem sua posição definida (ver gravura) e o padrão militar aparece nos ajustes do acampamento e da marcha. Evidencie-se, particularmente, a condução do Tabernáculo onde cada levita possui uma função especial.

    O Livro, além de mostrar a ordem, o serviço israelita ao SENHOR, e a sua peregrinação, registra também o grande fracasso da nação de Israel, que negligenciando as promessas de Deus transgrediu, e por castigo não entrou na Terra de Canaã. O Livro tem o seu epílogo com Israel nas fronteiras da Terra Prometida, com uma nova geração preste a entrar nela.

4. Esfera de Ação do Livro de Números
    Ao comparar-se Nm 1.1 com 26.1-3, observa-se que o Livro faz uma narrativa sobre os 39 anos de jornada em que Israel peregrinou no deserto - desde o Sinai até as campinas de Moabe, junto ao rio Jordão (Nm 33.1-49). Como se fosse um diário dos fatos importantes desde os idos de 1445 (o êxodo) a 1405 a.C. (época da redação do livro de Números).
    A história relatada no Livro de Êxodo tem sua continuação em Números.

4.1 Algumas Características Particulares do Livro de Números
    a) Pode ser chamado de “Livro das Peregrinações”, porque revela a peregrinação hebraica desde o êxodo às campinas de Moabe, orla do rio Jordão. Revela, também, porque Israel não possuiu imediatamente a Terra prometida, depois de partir do Monte Sinai. Antes, teve que peregrinar, vagueando pelo deserto por mais de trinta e nove anos.
    b) Pode ser chamado de “Livro das Murmurações”, pois registra vez após vez a murmuração, o descontentan1ento e as queixas dos israelitas contra Deus e seu modo de lidar com eles.
    c) Pode ser chamado de “Livro da Disciplina Divina”, a demonstrar que Deus realmente disciplina os seus e executa julgamento sobre eles quando permanecem na incredulidade e murmurações (13-14).

5. Conteúdo do Livro de Números
    O esboço de Números pode ser dividido, de acordo com os lugares e tempos, em três partes: No Deserto do Sinai (1:1; 10:10); A viagem pelo deserto do Sinai a Cades Barnéia (10:11; 21:35); De Cades Barnéia a Moabe na margem oriental do Jordão (22:36).
    a) No deserto do Sinai (1:1; 10:10)
        O povo peregrino (caps. 1,2)
        O Povo peregrino fazendo o censo dos obreiros, sacerdotes e levitas (caps. 3,4)
        O Povo peregrino e as leis – a purificação do arraial e o nazireado (caps. 5,6)
        O Povo peregrino e as ofertas dos príncipes da nação (cap. 7)
        O Povo peregrino e a consagração dos levitas (cap. 8)
        O povo peregrino celebra a Páscoa (cap. 9:1-14)
        O Povo peregrino uma nuvem os guia na marcha (caps. 9:15; 10:10)

    b) A viagem pelo deserto, do Sinai a Cades Barnéia (10:11; 20:1)
        A iniciação da marcha dos israelitas, dezenove dias após o primeiro censo (cap. 10)
        Saíram do Egito dia 15 do 1° mês do 1° ano da marcha (Ex 12.3 7)
        Chegaram ao Sinai dia 15 do 3° mês do 1° ano da marcha (Êx 19.1)
        Levantaram o Tabernáculo dia 1° do 1° mês do 2° ano (Ex 40:17)
        O primeiro dos censos ordenados por Deus, em Números sucedeu no 1° dia, 2° mês, 2° ano (Nm. 1:2,3)
        O descontentamento pecaminoso e as murmurações (cap. 11)
        Os setenta anciãos (cap. 11)
        A sedição de Miriam e Arão (cap. 12)
        O relatório dos espias e a descrença fatal nas Promessas (caps. 13-14)
        A rebelião de Coré (cap. 16)
        O florescimento da vara de Arão (cap. 17)
        Legislação cerimonial (18-19)
        Israel chega a Cades e Miriã morre (cap. 20:1)
        Entre os capítulos 14 a 20, Israel peregrina no deserto por 33 anos.
   
    c) De Cades Barnéia à Moabe – margem oriental do Jordão (20:2; 36:13).
        Em Cades a Rocha novamente é ferida e Arão morre (cap. 20)
        A serpente de bronze levantada: O meio de salvação: "olhar e viver' (cap. 21)
        Balaque contrata Balaão, o profeta mercenário, contra Israel (caps. 22-25).
        Um novo recenseamento da nova geração de hebreus (cap. 26)
        O anúncio da morte de Moisés e a eleição de Josué (cap. 27)
        As preparações para a entrada na Terra Prometida (caps. 27-36). 11
        As várias ofertas como instrução à nova geração de judeus (caps. 28-29)
        Na Batalha contra os midianitas a morte dos reis de Midiã e do profeta Ba1aão (Nm 31:8)
        As duas tribos e meia escolhem a sua sorte aquém do Jordão (cap.32)
        A jornada de Israel é narrada, desde o êxodo - saída do Egito- até acamparem-se “junto ao Jordão... nas planícies de Moabe” (caps.33-34).
        As cidades dos Levitas e as Cidades de Refugio (caps. 35-36)

6. A Aplicação Prática do Livro de Números
    a) Contentamento com o que Deus nos dá, por Graça: O descontentamento de Israel e suas murmurações desagradaram a Deus, por isso ficaram prostrados no deserto (Nm 14:16; 1 Co 10:5-11; Hb 3:17). Tal fato serve de aviso para nós: “Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso. para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Co 10:11)
    b) Os membros da Família de Deus são distintos e individuais na contagem divina, tal qual os membros de um corpo (1 Co 12ss). Em Números cada servo foi contado distintamente, com seu serviço definido e com distinção na família. (Nm 1-2).
    c) Amar e agradecer ao SENHOR por Sua longanimidade (Paciência) – um dos atributos que lhe dá excelência. O livro de Números ilustra a longanimidade de Deus para com Israel, um povo rebelde e obstinado (At 13:18 ARA; Nm 14:33,34).

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